terça-feira, 3 de março de 2009

PROJETO ALADIM NO JORNAL TRIBUNA DO NORTE - 03/03/2009



Confiram hoje, na Tribuna do Norte, a matéria que saiu sobre o Projeto Aladim.
03/03/2009 - Tribuna do Norte Michelle Ferret - Repórter

Como um grito de que a arte deve ser feita coletivamente e não tem fronteiras para o pensamento, nem mesmo planetas, o artista das obras gigantes e existenciais, Guaraci Gabriel, levará para Cuba o inusitado: uma réplica da obra “Guernica” de Picasso, medindo 7m x 16m, que será exposta na 10ª Bienal de Havana. Mas não é uma réplica qualquer. Todo o conceito que envolve a gigantesca obra não cabe em dimensões específicas, mas no universo da imaginação do artista.

Para ter acesso à interferências na obra, Guaraci criou um passaporte intergaláctico, onde os artistas terão uma parte específica da obra e nela poderão elaborar suas idéias, tecendo apelos, idéias, poesia e o que a imaginação permitir. “Quando Picasso pintou a obra, ele falava de localismo, da cidade de Guernica bombardeada na Segunda Guerra Mundial. Essa obra, hoje com significado globalizado pode ser usada para representar as atrocidades provocadas pelo capitalismo mundial integrado, fazendo os indivíduos mais próximos e mais semelhantes”, explicou Guaraci. O projeto chama-se “Aladim e a identidade maravilhosa” fazendo referência à sociedade no processo de globalização no qual o mundo é visto de “um só lugar”.

“O projeto enfatiza o Planeta Terra como um lugar de pertencimento de todos. Na obra, os artistas poderão soltar a imaginação e mandar seu recado para o espaço”, disse o artista com o olhos brilhantes e com um sorriso de felicidade no rosto.

A idéia do passaporte aconteceu há dois anos, quando Guaraci sentiu a necessidade de abrir um espaço para que os artistas potiguares pudessem estar em Havana. Ao mesmo tempo em que pensava isso, Guaraci refletia sobre os efeitos da identidade das pessoas. “Eu observo a arte de uma maneira muito coletiva. Não existe ninguém melhor ou pior. O que existe é a coragem de existir e criar. E como só eu fui selecionado para Cuba, quis levar todo o mundo comigo”, explica ele.

Quanto à identidade, ele acredita que é paradoxalmente um limite e uma libertação. “Sem a identidade você é livre para criar o que quiser, porque não precisa se limitar às raízes. E sem ela, você não tem cara”. Em cada passaporte, o participante fará uma foto 3x4 sorrindo. “A situação do planeta é tão séria que dá para rir. É essa a idéia”, reflete.

O projeto traz impressos diferentes sentidos. Um deles são as perguntas cruciais escritas no passaporte. “Qual a sua contribuição para o planeta Terra?” e “Lixo espacial: o que fazer com isso?” “São perguntas que tocam todos os seres humanos. É muito triste e cruel observarmos a maneira como estamos divididos por territórios, enquanto tudo vai se acabando e não nos unimos para isso”, disse.

Participarão da obra 23 artistas potiguares e o montador da exposição, Francisco Gileno, que irá com Guaraci para Cuba. São cinco fotógrafos, seis artistas visuais, quatro artistas gráficos, três arquitetos e um montador. “É tão difícil encontrar um montador aqui no RN. Por isso fiz uma seleção pela internet. E para minha surpresa o melhor projeto foi o de Gileno, um potiguar”. Junto à idéia da obra, Guaraci fará a mesma movimentação em Cuba. “Lá eu levarei uma lona com a Guernica medindo metade da obra brasileira. E trarei para cá logo depois da Bienal como forma de troca de idéias entre diferentes artistas. Aqui a obra será doada ao estado”, contou.

Junto à Guernica, outras atividades estão engendradas, como a criação do bicitáxi e a carroça como um transporte intergaláctico. A utilização dos transportes pode ser vista na montagem de fotografias cedidas por Giovanni Sérgio de lugares turísticos de Natal. “O transporte é imaginário e chama a atenção para o problema da energia elétrica nas grandes cidades”, finaliza.


Saiba mais...

10ª Bienal de Havana: Com o tema, “Integração e resistência na era global” e considerada uma das bienais mais importantes do mundo, a décima Bienal de Havana realizada durante os meses de março e abril dirige a atenção desta vez para os artistas do Sul cujas obras representam preocupações e conflitos comuns das regiões com alcance universal. Nesse sentido, centrará a atenção sobre a complexidade de uma real e ativa integraçãoa uma ordem global e a capacidade de resistência perante a farsa homogeneizadora. A equipe de curadoria desta edição está integrada por Rubén del Valle Lantarón, Margarita González, Nelson Herrera, José Manuel Noceda, Ibis Hernández, entre outros.




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