sábado, 28 de fevereiro de 2009

Texto de Sânzia Pinheiro sobre o Projeto Aladim


TECENDO COM HUMOR, FRAGMENTOS E IDENTIDADE VÁRIAS
Sanzia Pinheiro Barbosa

A obra Aladim e a Identidade Maravilhosa é densa em elementos que a confere extrema complexidade. Faz referências à sociedade contemporânea no processo de globalização no qual o mundo é visto como “um só lugar”. Para tanto esquematiza uma semiosis, gerada por signos densos de valores culturais.
Os artistas comentam e brincam com o fato de sermos de tantos lugares diferentes (países e culturas), estarmos em um único planeta e pertencemos a uma única espécie.
O projeto enfatiza o planeta Terra como o lugar de pertencimento de todos e prima pela diversidade cultural como fortalecimento do sujeito planetário. Obra in processus, foi realizada em Natal e seu resultado compõe o trabalho de Havana, o resultado comporá um outro lugar.
O painel com a imagem de Guernica, de Pablo Picasso, serve de suporte para as pessoas que deixaram suas marcas, seus signos identitários, suas indignações, conformidades, afetos etc. O espaço de interferência é determinado pelo coletivo, assim como, somos determinados na nossa estrutura biológica e construídos pela cultura.
A obra é extremamente fragmentada e possui vários vasos comunicantes. Colocando ao participante um percurso construtivo numa tentativa de expor, discutir, evidenciar a natureza única da espécie humana e sua diversidade cultural. Sugere, ainda, novos padrões de comportamento provocando uma valorização da tradição.
Vestidos de homem sanduíche, os integrantes do coletivo, exibem a frase: “sorria, sem identidade você não existe”. Chamando atenção para a identidade como meio de delimitação de territórios; de estabelecer limites à subjetividade do sujeito e via de comunicação com o outro.
A provocação contida nessa frase se desdobra na permissão que o observador dá ao coletivo de fazer uma fotografia 5X7, a imagem de si, para compor o passaporte que, por sua vez, não indica a nacionalidade, mas o pertencimento ao planeta Terra e não data a chegada do sujeito no planeta, mas o século a que pertence, numa tentativa de provocar, reflexões sobre a mentalidade e o espírito do tempo.
A obra Guernica, de Picasso, silhuetada por grafiteiros, se abre na recepção de outras histórias realizadas pelo portador do passaporte, que interfere no painel, produzindo uma narrativa contemporânea que se associa àquela realizada por Picasso, constituindo um coro atemporal das vivencias/visões de homens e mulheres modernos. Guernica é usada como representação das atrocidades atuais provocada pelo Capitalismo Mundial Integrado, fazendo os indivíduos mais próximos e semelhantes.
Quando o coletivo escolheu a carroça e o bicitaxi, para ser o transporte intergaláctico, ele questiona e chama atenção para problemática da energia nas grandes cidades e as alternativas não poluentes. Mas está ai, também, uma estética que coloca a velocidade no ritmos do bios e não da máquina.
A obra Aladim e a Identidade Maravilhosa, possui um tom humorado, brincante. Os homens sanduíches e a frase no bicitaxi do cartaz: “Táxi intergaláctico, a partir de um aperto de mão” é um convite a pensar as questões planetárias como identidade, limites e territórios, com o sorriso sábio de quem não tem certezas, mas propõe e experimenta a convivência em busca de possibilidades.

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

PROJETO ALADIM E A IDENTIDADE MARAVILHOSA



A Décima Bienal de Havana será realizada durante os meses de Março e Abril de 2009 coincidindo com os vinte e cinco anos da sua fundação. Esta é uma circunstância propícia para estimular a reflexão sobre a sua própria história, especificamente sobre aqueles pressupostos que serviram de base para convocar criadores da América Latina e das Caraíbas, Ásia, África e o Oriente Médio, num clima genuíno de aproximação entre nós e relativamente ao resto da comunidade internacional.


Nesse sentido, o Projeto Aladim e a Identidade Maravilhosa, convidado a participar da 10ª Bienal de Havana, faz referência à sociedade contemporânea no processo de globalização no qual o mundo é visto como “um só lugar”. O Projeto enfatiza o planeta Terra como o lugar de pertencimento de todos e prima pela diversidade cultural, como fortalecimento do sujeito planetário.

Assim como o mágico, que com o auxílio do gênio da lâmpada, transfere o castelo da China para África com a realeza e seus súditos, permanecendo, desta forma, como migrante sem perdas de suas práticas culturais.

O projeto se realiza da seguinte maneira:

1. Um painel será exposto na vertical, em lugar público. Um painel medindo 7m x 16m, resultado da ação realizada em Natal/RN/Brasil.

2. O segundo, será exposto na horizontal em uma tela 7m x 16m com a imagem de Guernica, de Pablo Picasso, silhuetada previamente por grafiteiros e que sofrerá uma interferência dos portadores do passaporte (que será distribuído gratuitamente nos primeiros dias da Bienal de La Habana). A interferência neste painel será guiada pelo número do passaporte. O sujeito não escolhe o seu espaço, ele já é determinado previamente, da mesma forma que o lugar de pertencimento não é uma escolha, mas uma construção.

Obs: o painel exposto na vertical favorece a percepção do observador e o outro estará na horizontal, favorecendo a construção coletiva. Na próxima edição o painel construído em Havana será exposto na vertical.

3. O passaporte intergaláctico tem a função de ser o catálogo da ação anterior realizada em Natal/RN e, entre outras informações, contém o currículo dos participantes da ação. Tem a função de identificar o indivíduo e estabelecer uma nova relação entre as culturas locais e a cultura global. Sugere, ainda, novos padrões de comportamento provocando uma valorização da tradição e um fortalecimento na identidade cultural.

4. Os artistas integrantes do coletivo estarão vestidos de homem sanduíche com o seguinte texto: “SORRIA, SEM IDENTIDADE VOCÊ NÃO EXISTE” e convidam os passantes a fazer o seu próprio passaporte intergaláctico! É a identidade como meio de delimitação de territórios; de estabelecer limites à subjetividade do sujeito.

5. Na produção do passaporte será necessário uma área de 16m² para colocar um pequeno estúdio fotográfico. Todo material utilizado na ação, como: tela, tinta, câmera fotográfica, computador e impressora é da responsabilidade dos integrantes do Coletivo Aladim.

6. Ao passaporte, previamente confeccionado, será colado a foto e o nome do receptor do mesmo com a assinatura do artista que o entrega. Esse número é definido na visita à três Estação Intergaláctica - espaço projetado por 5 arquitetos brasileiros - depois de conhecer a Estação Intergaláctica da Lua e de Marte, que será projetada em animação gráfica, e da Estação da Terra, que será apresentada numa simulação em um banner. Em seguida, os participantes dirigem-se ao painel para realizar sua interferência na tela onde encontrará o número do seu passaporte marcado no painel. Os dados pessoais do passaporte, com exceção do nome e da fotografia, são as referências que indicam o lugar e o tempo em termos de uma coletividade e não em relação à singularidade do sujeito, como por exemplo:

Local de Nascimento: Planeta Terra
Data de nascimento: século XX.


O portador do passaporte, após receber a assinatura final, dirige-se à obra Guernica, de Picasso, silhuetada, na primeira etapa, por um grafiteiro.

Quando Picasso pintou a obra, ele falava de um localismo, da cidade de Guernica, bombardeada na segunda guerra. Essa obra, hoje, com um significado globalizado, pode ser usada para representar as atrocidades atuais provocada pelo Capitalismo Mundial Integrado, fazendo os indivíduos mais próximos e semelhantes. A obra Guernica é aberta a recepção de outras histórias realizadas pelo portador do passaporte, que interfere no painel, produzindo uma narrativa polifônica que ultrapassa o agora.


7. Na área da ação existirão cartazes, criados pelo Coletivo Aladim, espalhados pela área, identificando-a com a Bienal.

8. Também estarão expostos, próximo ao painel, cartazes da ação realizada no Brasil. O cartaz do Brasil é ilustrado por uma carroça, por este ser um meio de transporte muito popular. As carroças são personalizadas por seus proprietários e vale dizer que, recentemente, esse meio de transporte tão antigo foi legalizado na capital do Rio Grande do Norte.

9. Por várias razões, escolhemos, para o cartaz da ação em Havana, o BiciTaxi para ser o transporte intergaláctico. Primeiro, por ser plasticamente próximo as primeiras tentativas bem suscedidas do avião; segundo por ser personalizado em seu processo de construção, pelo proprietário - assim como as carroças de Natal; e por último, por ser um meio de deslocamento urbano não poluente. Na arte do cartaz, também estarão figurados todos os participantes do Coletivo sobrevoando Havana no BiciTaxi com a frase:

TÁXI INTERGALÁCTICO, A PARTIR DE UM APERTO DE MÃO.



10. O painel realizado na ação do Brasil fica em Cuba e o realizado em cuba vem para o Brasil, transformando-se, assim, no catálogo da próxima ação.

11. Todo o material gráfico com a marca da Fundação Bienal será de comum acordo com a equipe organizadora do evento.